E SE EXISTISSE APENAS O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS?
Esta parece ser uma pergunta ingênua e sem sentido. Tanto os cristãos quanto os ateus responderiam que nada mudaria. Os cristãos continuariam acreditando em Jesus e os ateus não acreditando.
Bem eu vou provar que isso mudaria drasticamente a história do Cristianismo, das Igrejas e principalmente sobre Jesus. Primeiro é preciso saber que os autores dos Evangelhos são desconhecidos. Eles não eram os discípulos e nem conheceram Jesus.
É preciso saber que os textos foram escritos entre 40 anos após os supostos eventos.
Vejamos o que dizem os pais da igreja e um crítico ao cristianismo, todos do século II:
160 EC – Justino Martir menciona alguns episódios da Paixão e outros episódios encontrados nos evangelhos, a que se refere como “o Evangelho”, sem especificar nenhum por nome nem o número de versões conhecidas.
172 EC – O apologista Tatiano refere-se a quatro evangelhos (sem os nomear) harmonizou-os numa obra única, o Diatessaron, onde resolve as contradições entre os quatro evangelhos individuais. Tatiano também omitiu as genealogias presentes em Mateus e em Lucas e tudo o que indicasse que Jesus provinha da linhagem de David. Ele omite também o encontro de Jesus com a adúltera em João.
178 EC – O escritor romano Celsus através dos textos de Orígenes na Verdadeira Palavra diz: que os cristãos fabricaram a história do nascimento de Jesus, que os escritos cristãos são uma mentira e as suas fábulas não são suficientes para esconder esta monstruosa ficção.
A igreja Católica já admitiu que desconhece os verdadeiros autores.
“Prefácio da Biblia de Jerusalém”
A Igreja afirma que: "os títulos dos nossos Evangelhos NÃO SE DESTINAVAM A INDICAR AUTORIA", acrescentando que "OS TÍTULOS ... foram afixados a eles" (Catholic Encyclopedia, Farley org., vol. i, p. 117, vol. vi, págs. 655, 656.
E por fim é preciso saber que o evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito de acordo com a maioria dos historiadores, inclusive cristãos.
Os filmes de Jesus exibidos geralmente na época da Páscoa e Natal usam trechos dos quatro Evangelhos para compor seus roteiros.
Então os filmes começam com o Nascimento Virginal de Maria através do Espirito Santo, os ensinamentos, perseguições e finalmente a crucificação onde a Mãe Virgem de Jesus está presente.
Vamos agora analisar a vida de Jesus segundo Marcos para ver o que aconteceria com o filme A Paixão de Cristo.
1) JESUS SEM PRESÉPIO
No início de Marcos Jesus já aparece adulto com trinta anos e se encontra com João Batista no rio Jordão. Ou seja, o autor ou desconhece sobre o nascimento milagroso ou acha tão comum em sua época onde deuses greco-romanos se transformavam em aves e mantinham relações sexuais com virgens, que resolveu não falar.
Porém se não existe o Nascimento Virginal, onde prova que Jesus nasceu de uma concepção divina e não carnal através do Espirito Santo de Deus, então Jesus não seria visto futuramente como divino.
E se não temos a cena do menino Jesus com os pais, animais e os reis magos, logo não teríamos o costume de montar o Presépio nas casas e escolas durante o Natal.
Sem Nascimento Virginal, sem presépio.
2) JESUS TAMBÉM PECAVA
Em Marcos, João batiza Jesus sem questionar se ele era o Filho de Deus e que não precisaria ser batizado. O autor deixa claro que o batismo era sobre arrependimento, ou seja, apenas aqueles que pecaram deveriam ser batizados por ele. Nos outros Evangelhos João se recusa a batizar Jesus pois sabe que ele é o Filho de Deus.
Já o João de Marcos não sabia quem Jesus era e o batiza sem cerimônia.
O autor ainda explica sobre o batismo de João:
“Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados.” (Marcos 1:4)
Se Jesus cometeu pecados, e foi batizado ele não era tão divino assim e com certeza tinha aprontado as suas.
3) SEM JOSÉ, SEM MESSIAS
O pai de Jesus aparece apenas nos evangelhos de Lucas e Mateus durante a sua infância para mostrar a genealogia de José até Davi para que Jesus tenha o sangue real do rei. Estranhamente os dois autores se contradizem sobre o assunto.
Se José não aparece no relato de Marcos, logo não se pode ligar Jesus a Davi e a profecia judaica. Portanto Jesus não seria o Messias esperado dos judeus. Sem pai, nada de profecia.
4) A VIRGINDADE DE MARIA
Jesus era chamado de o FILHO DE MARIA.
Em uma passagem em Marcos o autor relata:
“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão?”
Marcos 6:3
Era costume dos judeus usar o nome do pai para identificar os filhos. Por exemplo:
Jesus filho de José, Jesus filho de Ananus, Simão filho de Gioras etc.
Se Maria não tinha marido, logo era uma mulher divorciada ou viúva. Se não se sabe quem é o pai de Jesus e Maria tem outros filhos, logo Maria não é virgem.
Sem a virgindade, a imagem da Santa Virgem Maria não existe.
5) JESUS UM LOUCO SEM FAMÍLIA
De acordo com o evangelho de Marcos, Jesus estava uma vez ensinando para uma grande multidão perto da sua casa. Quando eles perceberam, foram vê-lo e "eles" disseram que Jesus estava "...fora de si."
“E mais uma vez a multidão afluiu, de tal modo que nem sequer podiam comer. Quando seus parentes souberam disto, saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de si.”
(Marcos 3:20-21)
Na narrativa de Marcos, quando Jesus foi informado que Maria e seus irmãos estavam do lado de fora da casa em que está ensinando, Jesus diz que os que fazem o que Pai deseja são seus irmãos e sua mãe.
A resposta de Jesus foi uma forma de mostrar que a sua família era menos importante do que os seus ensinamentos sobre o Reino de Deus.
“E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe ou meus irmãos?
E olhou em volta para os que estavam sentados à sua volta, e disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos!
Pois quem quer que faça a vontade de Deus, o mesmo é meu irmão, minha irmã e mãe.”
(Marcos 3: 31-35)
Por quê Maria e seus irmão não entraram para ouvir os ensinamentos de Jesus?
Eles talvez realmente acreditassem que Jesus era um louco?
6) APERTEM OS CINTOS, O PILOTO JESUS SUMIU
E finalmente o problema da Ressurreição. A cópia do evangelho mais antigo de Marcos termina com a tumba vazia. A passagem de Jesus aparecendo para os discípulos foi um acréscimo da igreja Católica no século V ou mais tarde.
NO RODAPÉ DA BIBLIA DE JERUSALÉM DIZ:
"O trecho final de Marcos (vs 9 ao 20) faz parte das escrituras inspiradas; é tido como canônico. Isto não significa necessariamente que foi escrito por Marcos.
Em Marcos, as mulheres encontram o túmulo vazio e um jovem próximo.
O jovem avisa que Jesus ressuscitou e não está no lugar onde o puseram.
As mulheres então fogem do sepulcro, apavoradas e nada diziam a ninguém porque temiam.”
(Marcos 16:4-8)
Se as mulheres não diziam nada a ninguém do que aconteceu, como o autor cinquenta anos depois soube desse fato?
Não importam as contradições, o final de Marcos parece mais um roteiro de filme de suspense sem final. O autor apenas diz que Jesus ressuscitou, mas Jesus não aparece para ninguém depois.
A cena onde Jesus aparece para os discípulos e sua mãe, onde Tomé tem que tocar Jesus para pois não tinha fé não existe.
A cena onde Jesus diz para os discípulos espalharem o seu Evangelho e também acrescenta:
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Marcos 16:16)
Então após as pessoas saírem da sala de cinema discutindo sobre o final do filme Paixão de Cristo elas comentariam:
- Jesus teria ressuscitado realmente?
- Jesus teria sido abduzido por um Extra Terrestre?
- Jesus teria sido raptado pelo Homem do Saco?
Essas seriam as perguntas usadas se por acaso fizessem um filme de Jesus baseado no Evangelho de Marcos.
CONCLUSÃO:
- Se não existe o Nascimento Virginal;
- Se não existe um Messias;
- Se Jesus era pecador;
- Se não existe um pai biológico, descendente do rei Davi;
- Se Maria não é virgem;
- Se todos achavam Jesus louco, inclusive Maria e seus irmãos;
- E se Jesus não ressuscitou,
Então o que nos resta de um cara chamado Jesus Cristo? Nada, nada e nada.
- Não haveria presépios na noite de Natal;
- Não haveria procissão para a Virgem Maria;
- Não haveria Natal;
- Não haveriam filmes sobre Jesus na Páscoa e Natal;
- Não haveria cristianismo;
- Não haveriam igrejas católicas e evangélicas.
Sem os dois maiores PILARES da Igreja Católica que são o Nascimento Virginal e a Ressurreição, Jesus não significa nada.
A fé na ressurreição é a base e fundamento da fé cristã. Sem ela, a fé cristã seria simplesmente mais uma entre muitas outras crenças.
“[…] se Cristo NÃO RESSUSCITOU, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé”.
(Paulo - 1Cor 15,14).
Se eu fosse responder a pergunta: E SE EXISTISSE APENAS O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS?
Eu responderia:
Jesus não teria o seu famoso Fã Clube e com certeza não veríamos
Pastores milionários desfilando com carros importados e Rolex pelas ruas.